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Herança dos grupos sanguíneos, tópico de grande importância dentro da Biologia
A herança genética é um dos maiores fatores no corpo humano, um exemplo de alelos múltiplos ou polialelia são os grupos sanguíneos, que é o que iremos falar hoje.
O sistema ABO é a classificação dos grupos sanguíneos, sendo eles: A, B, AB e O. Eles são determinados de acordo com os alelos (formas alternativas de um determinado gene) múltiplos, que são: IA, IB e I; além de serem determinados, em conjunto, pela presença ou ausência de aglutinogênios - antígenos, ou seja, moléculas desconhecidas no organismo - e aglutininas - anticorpos, que são proteínas que protegem de agentes causadores de doenças.
Existem dois tipos de aglutinogênios: o A (presente no sangue A) e o B (presente no sangue B). Quando o indivíduo possui sangue AB, se têm ambos os aglutinogênios. No caso do sangue O, ele não possui aglutinogênios.
Do mesmo modo que os aglutinogênios, as aglutininas são classificadas em duas: anti-A e anti-B, no entanto, seus pertencimentos são diferentes dos aglutinogênios: a aglutinina anti-A pertence ao sangue B, enquanto a aglutinina anti-B pertence ao sangue A. O indivíduo que apresenta sangue AB não possui aglutina em seu plasma; enquanto o sangue do tipo O caracteriza-se pela presença das aglutininas anti-A e anti-B.
Shahinsahar, CC BY-SA 3.0
O sistema foi criado por Karl Landsteiner, criado em 1901, e graças a esta pesquisa ele ganhou o prêmio Nobel em 1930, depois de 29 anos de sua descoberta. Para fazer a descoberta ele colheu amostras de sangue, isolou os glóbulos vermelhos e fez várias combinações entre as amostras de plasmas e hemácias. Quando glóbulos se aglutinavam, formando coágulos e/ou grânulos, o fluxo de sangue era interrompido e a pessoa se recebesse morreria. Em outros casos analisados, esse fenômeno não acontecia.
Seguindo as ideias das Leis de Mendel, na qual objetiva-se em explicar como as características de algum ser vivo eram passadas para seus descendentes, a definição do tipo sanguíneo é herdado dos pais, sendo cada um deles que doa um dos genes ABO para o filho.
O gene A e B são dominantes, isto é, são aqueles que determinam/manifestam a característica, mesmo estando em dose simples no genótipo, enquanto o gene O, que é recessivo, apenas expressa-se em dose dupla, devido na presença de um dominante, ele se torna inativo.
E é importante ressaltar que o sistema ABO apresenta polialelia, pois possui 3 alelos diferentes: IA, IB e I.
Há um experimento muito interessante que pode ser utilizado para descobrir o tipo sanguíneo de uma pessoa.
Utiliza-se luvas e lancetas descartáveis, algodão, álcool 70%, spray antisséptico, lâminas de vidro, soros anti-A e anti-B, uma caixa térmica para transporte e outra caixa para o descarte do lixo biológico.
Primeiramente é organizada a coleta de sangue dos voluntários, que tem seu dedo perfurado pela lanceta,e 2 gotas do seu sangue são coletadas e colocadas em lâminas de vidro. Depois, é adicionada uma gota de soro anti-A na primeira gota de sangue e soro anti-B na segunda.
Após isso, é realizada uma mistura, e logo depois é possível ver a presença ou ausência de aglutinação, e com isso, determinar o tipo sanguíneo da pessoa.
- Se houve aglutinação apenas na primeira, que tem soro anti-A, é do tipo A.
- Se houve aglutinação apenas na segunda, que tem soro anti-B, é do tipo B.
- Se houve aglutinação nas 2 gotas de sangue, é do tipo AB.
- Se não houve aglutinação em nenhuma, é do tipo O.
A aglutinação é a reação de um anticorpo (Aglutinina) a um antígeno (Aglutinogênio), no caso, as aglutininas Anti-A e Anti-B reagem, respectivamente, aos aglutinogênios A e B, ou não reagem, quando não os encontram, como o Anti-A no tipo B.
Esse experimento também é usado em laboratórios para determinar o tipo sanguíneo.
Algumas curiosidades do Sistema ABO:
- Uma pesquisa realizada pelo Datafolha em 2017 indicou que quase 40% dos brasileiros não sabem qual é o seu tipo sanguíneo;
- Os cientistas acreditam que as diferenças de tipos sanguíneos decorreram de vantagens evolutivas adquiridas ao longo dos anos em relação a infecções;
Sistema RH
O fator RH foi criado a partir do sistema ABO por Landsteiner o mesmo criador do sistema ABO e Wiener ao estudarem o sangue do macaco do gênero Rhesus (Macaca mulatta), por isso o nome Rh. Os pesquisadores perceberam que, ao colocar sangue do macaco em um coelho, este iniciava uma produção de anticorpos capazes de aglutinar as hemácias do macaco. O teste com sangue humano foi então feito e percebeu-se que, ao colocar o soro anti-Rh em algumas gotas de sangue, ocorria aglutinação (formação de um aglomerado de células) na maioria dos casos (cerca de 35%). Isso demonstra, portanto, que algumas amostras de sangue possuíam o antígeno Rh, mas outras não.
O Fator Rh é um sistema de grupos sanguíneos, que tem como função indicar se o sangue de alguém é positivo (Rh +) ou negativo (Rh -).
Aqueles com Rh positivo tem aglutinação nas suas hemácias, pois nelas tem antígenos. Aqueles com Rh negativo não aglutinam, pois não tem o antígeno Rh.
Um dos problemas gerados devido ao fator Rh é a *Eritroblastose fetal*: uma anemia (o teor de hemoglobina e o volume de glóbulos vermelhos do sangue ficam abaixo do normal) grave causada pela incompatibilidade dos grupos sanguíneos da mãe e do bebê, caracterizada pela destruição das hemácias (células sanguíneas) do feto ou recém-nascido.
Como no sistema ABO, ao trabalhar nas leis de Mendel citar a dominância e recessividade dos tipos sanguíneos, no fator Rh, o Rh positivo é o gene dominante (RR ou Rr), enquanto o Rh negativo é o recessivo (rr).
Há um experimento que simula o Rh do sangue.
Os materiais necessários são leite, beterraba, água, vinagre e uma lâmina de vidro, e talvez um palito de dente.
Deixe um pouco de leite em contato com uma beterraba descascada até ele ficar com uma cor semelhante a sangue. Após isso, pegue a lâmina de vidro, e coloque 2 gotas do leite em cada extremidade da lâmina. Depois, adicione uma gota de vinagre diluído em água (50%) em uma gota de “sangue” e uma gota de água normal na outra. Se necessário, é possível usar um palito de dentes na mistura das gotas.
Como podemos observar na imagem, no lado esquerdo, o “sangue” foi aglutinado pelo seu “anticorpo”(Vinagre), simulando a aglutinação do Rh+.
Já no lado direito, o “sangue”, que recebeu o soro anti-D (Água), e permaneceu homogêneo, simulando o Rh-.
Algumas curiosidades do Fator RH:
- Existem pessoas com Rh Nulo, o chamado sangue dourado ou sangue nobre, que é quando os glóbulos vermelhos não possuem nenhum antígeno Rh. Foi detectado pela primeira vez em 1961, e de lá pra cá, foram encontradas apenas 44 pessoas com esse sangue;
- Para descobrir o Fator Rh de uma pessoa, é coletada uma gota de seu sangue, então adiciona-se uma solução de anticorpos nesta gota. Caso as hemácias se juntem, a pessoa tem Rh positivo. Se não se juntarem, a pessoa tem Rh negativo.
- Existe o chamado Efeito Bombaim, também conhecido como Falso O. Isso ocorre em menos de 1% da população, e aqueles afetados, mesmo que sejam A, B ou AB, são caracterizados como O.
Isso ocorre devido ao lócus gênico nomeado H, que é quem determina a produção do fator expressa pelo fenótipo do sistema. Pessoas HH ou Hh sintetizam uma enzima que forma o antígeno H, que se transforma em antígeno A ou B, que nos testes tradicionais, são quem determinam se o sangue é A, B ou AB.
Em indivíduos recessivos (hh), é sintetizada uma enzima inativa, que não produz os antígenos A ou B, então, é visto como O pelos testes.
Para descobrir se se trata de um Falso O, é feito um teste que se aplica o anticorpo anti-H em uma gota de sangue. Se há aglutinação, se trata realmente de sangue O, e se não há, é um falso O, e não é possível descobrir seu tipo sanguíneo verdadeiro.
Aqueles com fenótipo Bombaim podem receber transfusões apenas de outras pessoas com este fenótipo. Se alguém com este fenótipo receber sangue de alguém que possui o antígeno H, há o risco desta pessoa sofrer uma reação hemolítica aguda transfusional.
Este efeito é encontrado principalmente na cidade de Mumbai, na Índia, cidade também conhecida como Bombaim.
Sistema Mn
O sistema Mn é um sistema utilizado para testar a capacidade de aglutinação das hemácias humanas, e é um sistema bem menos utilizado que o ABO e o Rh, por isso só comentaremos brevemente.
Este sistema trabalha com 2 alelos codominantes, Lm e Ln, com m e n representando os antígenos produzidos. Não há aglutininas neste sistema.
Este sistema apresenta 3 grupos sanguíneos: M (LmLm), N (LnLn) e MN (LmLn).
Uma curiosidade é que os criadores deste sistema se chamam Landsteiner e Levine, por isso o L é utilizado na nomeação dos alelos.
Referências Bibliográficas
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